domingo, 1 de agosto de 2010

Missão 3

E após mais 4 dias de excruciante espera, chegou o fim de semana, e as três garotas colocaram suas melhores roupas e maquiagens, fizeram chapinha em seus cabelos e tudo o mais, e foram para o ponto de encontro de quem ia para o tour nos estúdios de Leavdsen, onde algumas cenas de Harry Potter são gravadas. Depois de alguns minutos de músicas de passeio de escola inglesas desconhecidas pelas três e muitos gritos e choros das crianças do ônibus – porque sim, elas eram as únicas pessoas com mais de 14 anos naquele ônibus – elas finalmente chegaram ao estúdio.

- Ah, os belos campos gramados da Inglaterra complementam tão bem essa construção gigante dos hangares dos estúdios Leavdsen... Ah, esse aroma de indústria... – Violet girava com os olhos fechados enquanto suas amigas fingiam que não a conheciam. – O dia perfeito para por meu plano em prática...

- Plano???? – gritou Amber.

- Ah, eu sabia que estava bom demais pra ser verdade... – lamentou Scarlet.

- Calma, pequerruchas... Primeiro, ao passeio. Enquanto a gente anda nos carrinhos de golfe...

- CARRINHOS DE GOLFE, que tudo! – exclama Scarlet, fazendo Amber ter um pequeno infarto.

- Ave... – disse Amber, recuperando o fôlego.

-...eu explico tudo.

E assim se sucedeu: nos estúdios, escutavam a guia, e no caminho, escutavamViolet. Assim que terminaram o passeio, todos foram almoçar. Todos, menos as três, que correram para o banheiro. De lá, saíram usando perucas e roupas espalhafatosas, além de uma maquiagem muito, muito pesada, e de bolsas enormes.

- Isso é realmente necessário? Quer dizer, TUDO isso? – perguntou Amber, inconformada.

- Na verdade, não... Mas se não der certo, pelo menos eu tive o absurdo prazer de ver vocês nessas roupas ridículas!

- A gente te ama tanto, Vee.

- Eu sei.

E assim, se juntaram à massa de garotas que esperava para tentar ver, nem que fosse de relance, alguma estrela do filme. Estavam todas alinhadas em frente ao estúdio, atrás de uma faixa de plástico listrada e de vários seguranças. Então, Daniel apareceu do lado esquerdo da trincheira, causando um deslocamento da massa para esse lado.

- Agora, vamos!

E saíram correndo pelo lado direito, passando por baixo da faixa de proteção e disparando para a área dos trailers dos atores. Nisso, dois seguranças dispararam atrás delas, correndo feito loucos. Depois de muitas viradas bruscas entre os trailers, finalmente conseguiram despista-los.

- Tirem tudo, rápido! – disse Violet, tirando a grande saia de tule rosa que usava, revelando por baixo calças jeans. Por baixo das roupas que usavam - que orgulhariam Austin Powers - usavam camisetas pretas com os dizeres “Contra-Regra”.

- Cadê os walkie-talkies? – perguntou Scarlet, enquanto Violet procurava coisas em sua bolsa enfiando a cabeça dentro da mesma.

- Aqui! – e entregou um fone de ouvido e um rádio portátil a cada uma. – Agora, coloquem tudo na bolsa e coloquem embaixo do trailer.

- Sinceramente, você acha mesmo que isso vai funcionar?

- Não, na verdade não, mas quem sabe, né? Além disso, eu sempre quis fazer algo retardado assim. Amber, pra debaixo do trailer, rápido!

- OI?

-Vai logo, depois eu explico!

E logo que conseguiram tirar toda a maquiagem digna de drag queen que tinham feito, aplicar uma nova e enfiar Amber debaixo do trailer, os seguranças chegaram, a tempo de vê-las discutindo entre si. Antes que pudessem se pronunciar, Violet os interrompeu:

- E o que vocês estão fazendo aí? Tem três doidas correndo por aí e mostrando os peitos pra quem passa no caminho delas. Uma hora dessas elas ainda pegam algum ator e ... Bom, só Deus sabe o que elas podem fazer com eles! Estão esperando o que? Vão logo!

Após alguns segundos de completa estupefação, os dois rapazes consentiram e voltaram a correr.

- Oh... Meu... Deus... FUNCIONOU! YEAAAAAAAAH! – Violet comemorava fazendo sua famosa dancinha da vitória, tirada do videoclipe de Shake It, do Metro Station (clipe aqui).

- Violet...

- Sim?

- Eu nunca - NUNCA - mais duvido de você.

- Erm... Socorro?

- Ah, Amby, desculpa, tinha esquecido...

- E porque eu tive que me esconder? – disse a garota, saindo com dificuldade de debaixo do trailer.

- Você não acharia, assim, ligeiramente suspeito ter três contra regras conversando bem quando tem três garotas correndo pelos estúdios?

- É... Faz sentido... Mas porque EU?

- Ah... Porque quando você se estrepa é bem mais divertido.

- Verdade.

- Ah, valeu hein.

- De nada. Então, vamos pro estúdio? Temos que cuidar das nossas estrelinhas, ai, que tudo...

- Posso só fazer uma pequena perguntinha?

- Claro.

- E como raios a gente vai passar por um monte de gente que conhece os verdadeiros contra regras sem nenhum deles notar e chamar a segurança?

- Quantas pessoas você acha que trabalham aqui? Devem ser váaarios contra regras... Além disso, sempre é bom ter mais gente pra ajudar. Deve ser um trabalho tão legal...

- AAAAAAAAAAAAAH EU NÃO AGUENTO MAIS! – o grito desesperado vinha de um rapaz que atirava todos seus apetrechos no chão – dentre eles, fones de ouvido e walkie talkies. – Ah, vocês! Vocês são as mocinhas que vieram pro período de testes, não é? Pois se considerem contratadas; EU ESTOU FORA! Levem essa carta aqui pro porteiro, peguem seus crachás pela manhã, com ele. A-DEUS! – Tirou seu colete escrito “contra regra” - junto com o resto de suas roupas - e saiu correndo, nu, entre os trailers gritando “Estou livre! Liiiiiiivre!”

-...Ok... Talvez não seja assim TÃO bom trabalhar aqui, mas, de qualquer modo, ele acabou com as nossas preocupações... NÓS TRABALHAMOS NOS ESTÚDIOS DE HARRY POTTER!

- YEEEEEEEEEEAH! – gritou Amber, saltitante.

- ÉEEEEEEEEEEEEEE... É... Quer dizer... Espera... Quem disse que a gente vai aceitar o emprego? Você viu o jeito com que ele saiu daqui? O trabalho deve ser de enlouquecer!

- Mas era só ele trabalhando, agora somos três... E você ainda reclama? Subimos de menina que entrega cardápios na Pizza Hut decadente da Portobello Road pra contra regra de um estúdio de cinema que faz produções milionárias! - os olhos de Violet cintilavam.

- Eu era cozinheira... Mas você tem razão. Vamos conhecer nossos colegas de trabalho!

E então as três foram conhecer seus colegas de trabalho; conheceram os contra-regras, as figurinistas, assessoras, assistentes... Finalmente, se apresentaram para David Yates, o diretor, que no advento do encontro comia um grande taco que pingava gordura.

- Erm... Senhor Yates? – disse Amber, que fora empurrada à frente por suas amigas.

- Sim? – disse David, com um pedaço de alface de proporções descomunais grudado a seu dente.

- É... nos somos...

- As rrainhas do rrádio! – acrescentou Violet, baixinho, o que provocou uma pequena crise de riso em Scarlet.

-... as novas contra – regras – continuou Amber, ignorando Violet – e nós queríamos saber se o senhor precisa de alguma coisa no momento.

- Você – olhando para Scarlet – pode ir dar um ponto na capa do Daniel, ele acabou de prendê-la na mesa. De novo.

- Típico... - sussurrou Violet, levando uma leve cotovelada de Scarlet - Ai.

- Você... – olha para Violet – seu cabelo é roxo nas pontas mesmo ou é a luz?

- É roxo, mesmo. – respondeu, querendo na verdade dizer “é claro que é roxo, sua anta, tá ficando com vista cansada, vovô?”, mas, sabe como é, ela não queria perder o melhor emprego do mundo.

- Ah... estranha, você.

- Eu sei, brigada.

- Enfim, o Rupert acabou de derrubar suco na camisa dele toda, você pode pegar uma camisa no depósito pra ele. E você –olhando agora para Amber - ... me traga outro destes, sim? – e engoliu o resto do taco.

- Eca – disse Amber, com repulsa.

- Senhor Yates, como eu posso pegar uma camisa pro rapaz se eu não sei o tamanho? – disse Violet, internamente comemorando a informação privilegiada; ela saberia o tamanho das camisas do Rupert, que emoção! (nota pro futuro: não se sinta idiota, você escreveu isso quando tinha 15 anos)

- Ah... Leva ele junto.

- Ah... ok... – Violet se afastou do diretor o bastante para que ele não ouvisse seu urro de comemoração, nem sua pequena dancinha da vitória.

Missão 2

E a vida em Londres provava não ser fácil; dias se passavam e as pobres criaturas brasileiras não se conformavam em ter que voltar.

- Ah, o Brasil... O calor humano, o calor, calor, mesmo, as praias, o sol... E tem gente que sente falta disso? – disse Violet, contemplando a vista da janela do kitnet que dividia com suas melhores amigas, Amber e Scarlet.

- Pois é... Mas a gente precisa fazer alguma coisa da vida, sabe... Dinheiro não nasce em árvore. – disse Scarlet, enquanto Amber roncava sonoramente no sofá.

- Bom, a gente podia trabalhar...

- Ah, com certeza... Mas precisaria ser um daqueles lugares meio obscuros, que aceitam qualquer um sem muitas perguntas...

- Que pague uma merreca, mas que sustente a gente...

- Que nos consiga comida, mesmo que da pior qualidade...

E um breve momento de reflexão foi o bastante para que as três entoassem, em coro, o nome que soou como uma música para seus ouvidos – bom, na verdade, só Scarlet e Violet chegaram a uma conclusão, já que Amber ainda bavava no sofá:

- PIZZA HUT!

- Hmmfhf... Me traz uma de mussarela, ok?

***

Após um certo – homérico - esforço, conseguiram convencer Amber a se levantar e foram, as três, para a Pizza Hut mais próxima. Como esperado, foram aceitas sem mais delongas, e começaram logo o treinamento. Enquanto Violet distribuía cardápios na fila, Amber, a narcoléptica, ficava – dormindo – no caixa, e Scarlet ficava na cozinha.

- Cara, que TÉDIO – disse Violet, se apoiando na bancada; não havia uma viva alma além delas no restaurante.

- Aaaah, anime-se! Pode acontecer algo fantástico hoje, nós só precisamos sonhar! – disse Scarlet, sonhadora.

- Nossa, quando exatamente você se tornou uma princesa da Disney? Como se ficar sonhando fosse nos levar a algum lugar... – aponta para Amber, que roncava apoiada na caixa registradora – O acontecimento mais fantástico que aconteceu pra ELA hoje foi conseguir ficar acordada tempo o bastante pra fazer a entrevista de emprego...

- Ah, mas não custa sonhar... Quer dizer, aqui é Londres, nossa terra prometida! A gente sonha desde criança vir pra cá e viver aqui... E esse sonho, pelo menos, deu certo!

- Isso é... Mas o que você espera que aconteça? O Elton John vir dar um pocket show surpresa para os fiéis clientes invisíveis da Pizza Hut, na filial da Portobello Road?

- Claro que não, uma diva como o Elton John não viria a um restaurante chubequinha desses... Mas sei lá, quem sabe o Dan...

- E por Dan você se refere a Daniel Radcliffe, ator revelação da franquia Harry Potter e um dos jovens mais ricos da Inglaterra?

- Você sabe que sim... Aaah, aqueles olhos...

- E ele apareceria aqui casualmente acompanhado pelo ruivo mais sexy do mundo e co-estrela de Harry Potter, Rupert, e com a também ex-estrela de Harry Potter e atual Edward Cullen, Robert Pattinson... – Amber levanta a cabeça e pisca, atordoada pela menção do nome do protagonista de Crepúsculo -...pra comer uma pizzinha esperta no meio da tarde?

- Aaaaaaaah, que tuuuudo... – dizem Amber e Scarlet, juntas, com um brilho no olhar.

- Aaah, pelo amor! Como se isso fosse acontecer... Há, imagina só, do nada, eles chegam todos tipo “oi, me vê uma gigante de mussarela aê?”

- Erm... Com licença... Me vê uma gigante de mussarela aê?

- Clar... – começa Violet, mas logo para. Porque atrás dela, em toda sua pompa, estavam os três previamente citados atores estelares da nossa pátria mãe – ok, não exatamente NOSSA pátria mãe, mas você entendeu – Inglaterra, Rupert, Daniel e Robert!

Com a visão dos três, Violet deu um pulo para trás, caindo desajeitadamente atrás do balcão, no melhor estilo três patetas, levando, na queda, Amber, na qual tentara se segurar. Nisso, derrubou também uma das pizzas que estava na prateleira ao seu lado, deixando-a caída bem na saída da cozinha, onde foi pisada por uma Scarlet que, chorando de emoção, tinha vindo correndo para confirmar se eles eram realmente, sabe, ELES. Ao pisar na pizza, Scarlet escorregou e caiu sentada em cima de Amber, que fez um barulho semelhante a um brinquedinho de cachorro sendo apertado.

- Erm... Ta tudo bem aí? – disse Dan, tentando ao máximo não rir.

- Tudo óootimo! – disse Scarlet, com um sorriso de orelha a orelha.

- Claro que ta tudo ótimo com VOCÊ, você ta em CIMA do montinho! – disse Violet, soterrada e revoltada.

- Deixe-me ajudar você... – disse Robert, estendendo a mão a uma atônita, envergonhada e completamente estupefata Amber.

- ... ah... aaaah... AAAAAAAAAAAAAH – gritou Amber, pulando no pescoço de Robert, que a abraçou, rindo.

- Com licença... – disse Violet, ajeitando seu bonezinho verde da Pizza Hut (tão, tão sexy) - ...mas vocês não tem tipo milhões de libras esterlinas e tal?

- Temos sim, porque? – disse Rupert, estranhando a pergunta tão calma e controlada de uma pessoa que deu um pulo de um metro no ar quando o viu.

- Earhm... - disse Violet, subitamente consternada e espantada com o fato de que realmente estava falando com ELE, o garoto, o mito Rupert Grint! Viva! – ...digo, então o que raios vocês fazem aqui, nesse restaurantezinho podre?

- Nossa, quando ódio no coração... – disse Dan, ainda atônito pelo penetrante olhar de Scarlet em sua direção, que ainda o encarava com os olhos cintilando e um pequeno fio de baba escorrendo pelo canto de sua boca, aberta em um grande sorriso.

- Ah, vamos todos combinar que isso aqui não é nenhum restaurante francês...

- A gente só queria fazer um programa de rapazes, sabe? Como pessoas...

- Normais?

- Bom... é.

- Mff... Pffff... PWAHAHAHAHAHAHAHAHA – riram as três em uníssono.

- É tão estranho assim?

- Aham. – disseram as três.

- Ah...

- Mas na verdade a gente ta só de passagem. Vê a pizza pra gente, sim? – disse Robert assim que pode liberar sua cabeça dos braços desesperados de Amber, que ainda estava grudada em suas costas.

- Ah... claro... – Scarlet se dirigiu para a cozinha, pesarosa, parar fazer a pizza. Enquanto isso, Violet, Amber, Daniel, Rupert e Robert se sentaram em uma mesa – bom, no caso, Amber ficou de pé, ainda aderida fortemente às costas do rapaz, mas enfim – e começaram a conversar animadamente. Logo que a pizza ficou pronta, os rapazes foram embora, deixando as três sonhadoras novamente sozinhas naquele restaurante no fim do mundo.

- Isso... realmente aconteceu, né? – perguntou Scarlet ao vento, pois Violet e Amber estavam vidradas em suas lembranças: os olhares significativos durante a conversa, o interesse dos rapazes nelas, o jeito como o Robert havia usado uma espátula para retirar Amber de suas costas... Era tudo tão perfeito!

- E o melhor de tudo... Nós podemos vê-los de novo no fim de semana!

- Oi? – disse Violet, acordando do transe.

- Ele te convidou pra sair??? – disse Amber, já pensando na roupa que ela poderia usar.

- Claro que não, tchongas. A gente pode ir aos estúdios no fim de semana... Temos o dinheiro da entrada do passeio e do ônibus e a oportunidade!

- CarCar... Você é BRILHANTE.